sexta-feira, 18 de março de 2011

A aula, o intervalo e o protesto


Então eu estava, em uma quinta, pela manhã, na aula de redação e produção em rádio, tentando não me aborrecer com o fluxograma "emissor - canal de comunicação - receptor", quando uma menina bateu na porta:

- Posso dar um recado? Só pra lembrar da assembleia hoje, no intervalo, 10h, no auditório.

Ok, né?! Distração para o recreio. Fui.

Nú, tava lotado! Acho que todos os alunos estavam lá. Fiquei impressionada. Depois fui descobrir que eles também estavam impressionados. Essas reuniões não costuma dar muito ibope....

Mas com alguns minutos deu pra perceber que eles tinham motivos para estarem lá. E eu também. Todo mundo ali tinha uma reclamação acerca do curso pra fazer. E eu também. E era esse o objetivo da assembleia. Pelo menos era o que estava escrito no cartaz: Levantamento de problemas, contextualização da situação, prováveis ações. Ou alguma coisa parecida.

Além dos básicos falta de professor e oferta de disciplinas, professores picaretas que nunca apareceram para dar aula, falta de equipamentos e laboratórios, eles tinham uma reivindicação mais urgente: regimento de estágio.

Pelo que eu entendi, a situação é a seguinte: aqui os alunos são obrigados a fazer estágio para formar, pelo menos os de PP e RP. Mas acontece que a coordenação é super burocrática e não assina vários dos contratos. Eles não aceitam estágios de seis horas, por exemplo, e mais um monte de picuinhas. Aí a galera não consegue estagiar e, por tabela, formar.

- Uai, mas eles não seguem a lei de estágio não? - eu perguntei
- Pois é, não!

Daí que na hora de propor formas de pressionar a coordena
ção por mudanças alguém sugeriu "greve! Ninguém volta pra aula hoje e nem amanhã, até o horário da reunião de amanhã!"

Imagina, aluno nem gosta de uma bagunça, né?! Ainda bem que eu tinha levado meu material para o intervalo.

Aí já começaram a escrever cartazes e decidiram fazer uma passeata até o prédio da reitoria - que quem leu o primeiro post sabe que não
é tão perto! - Eu tava a toa, né?! Fui.

Quando enterraram o curso de Comunicação da UFMG eu ainda não tinha entrado e não pude participar...me senti realizada. Até porque, as reivindicações me afetavam também! Foi nesse dia que descobri porque deu tanto rolo pra sair minha carta de aceite e ainda está dando para sair minha matrícula.

A verdade é que eles não me queriam aqui. Mas acabou que a UFPR assinou minha carta de aceite e eu vim assim mesmo. Vão ter que me engolir...cantando musiquinha de protesto e tudo o mais!
Os alunos decidindo o percurso da passeata, digamos assim, que seguiu cantando ao ritmo de água mineral, do Carlinhos Brown:
Conseguiu estágio? Não
Conseguiu optativa? Não
Olha, olha, olha, olha sou da federal, sou da federal, sou da federal
do paranáááá
me fodo pra me formar

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